quarta-feira, 3 de junho de 2015

Saindo da caverna: uma tentativa de desmitificar o uso das tecnologias na escola

Saindo da caverna: uma tentativa de desmitificar o uso das tecnologias na escola

Professora Elizete Mainardes Appel
Graduada em Letras - Português-Inglês
E. E. M. Prof. Roberto Grant
25ª GERED

Resumo: A escola é, supostamente, a grande formadora das crianças e jovens. Para tal, lança mão de inúmeros recursos que melhor lhe convém e aos quais tem acesso. Com o grande desenvolvimento tecnológico, torna-se imperativo o uso das TICs na educação. Falta, no entanto, por parte de muitos educadores e alguns educandos, conhecimento e envolvimento com essas novas tecnologias.

Palavras-chave: TICs, Educação, Escola digital, Professor analógico.

Há algum tempo discute-se o uso das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) na educação. O que de fato são as TICs e por que há tanta polêmica em torno disso?
“As Tecnologias da Informação e Comunicação correspondem a todas as tecnologias que interferem e mediam os processos informacionais e comunicativos dos seres. Ainda, podem ser entendidas como um conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si, que proporcionam, por meio das funções de hardware, software e telecomunicações, a automação e comunicação dos processos de negócios, da pesquisa científica e de ensino e aprendizagem.” (WIKIPEDIA, 2015)
O mundo analógico ficou na História do século XX. Hoje estamos cada vez mais interligados e a tecnologia é comum em quase todos e quaisquer recursos. Uma vez que a escola é o local em que, supostamente, as crianças e jovens se preparam para a vida e mercado de trabalho, é necessário, também, acompanhar o desenvolvimento digital do século XXI.
“Entendendo a escola como um espaço de criação de cultura, esta deve incorporar os produtos culturais e as práticas sociais mais avançadas da sociedade em que nos encontramos.” (WIKIPEDIA, 2015)
E quais são as TICs? Computadores; notebooks; câmeras de vídeo e foto; webcams; scaners; CDs e DVDs; HDs; cartões de memória; pendrives; celulares e smatphones, Tv por assinatura, a cabo, digital e por parabólica; rádio digital; internet; e-mail; Maps; Google Drive; Flubaroo; páginas pessoais; blogs; Instagram; Wikipedia; Youtube; wi-fi; bluetooth; Whatsapp e tantos outros meios e equipamentos são TICs utilizados por um número cada vez mais crescente de pessoas.
Como é possível ensinar sobre o mundo digital numa escola analógica? Numa era em que se presa pela economia e preciclagem (conceito de preocupação em diminuir a produção de resíduos), por que a escola insiste em tanto desperdício de papel? Para ilustrar respostas a esses questionamentos, vamos a um relato de experiência.
Num trabalho desenvolvido na disciplina de língua Inglesa com as 2as e 3as séries foi possível estabelecer uma comparação do uso da tecnologia no século XIX, XX, XXI. Constatou-se que as tecnologias mudam, mas as preocupações dos professores continuam as mesmas (medo do que é novo).
Em Cartas a Théo, texto lido durante estudo do Caderno IV, etapa I do Curso SISMEDIO,  discute-se que material seria o mais eficaz para determinado trabalho: grafite, carvão, carvão molhado. Para a época retratada esta era a análise que se podia fazer: experimentos com um resultado visual.
No final do século XIX e início do século XX a tecnologia usada na escola era uma lousa individual (de pedra) e um lápis especial. O aluno fazia a lição, que era apagada para em seguida fazer outra. E muitos deles não tinham uma dessas lousas, usavam a do professor ou de um colega mais abastado. Todos tinham que memorizar o que estavam aprendendo. Imaginem qual não foi a preocupação dos professores quando as lições começaram a ser copiadas (nos cadernos). Eliminou-se a necessidade de decorar.
Hoje, com a tecnologia e simultaneidade, muitos de nós professores sequer cogita abandonar os materiais impressos (provas, exercícios, textos). O celular (smartphone) é tido como vilão. Ocorre que esta é umas das TICs (Tecnologias da Informação) que mais faz parte do cotidiano de nossos estudantes.
Pensando nisso, realizou-se com os alunos das 3ª06, 3ª07, 2ª05, 2ª12 e 2ª13 da E. E. M. Prof. Roberto Grant uma atividade avaliativa usando seus telefones celulares, o Google Forms e o Wifi da biblioteca da escola. Após a atividade, estes responderam a uma pesquisa de satisfação. A maioria absoluta aprovou a iniciativa por ser algo diferenciado, mais prático, menos burocrático e economizar papel.
Assim como Théo experienciou e propôs o uso do carvão molhado, não descartando os demais materiais em sua época, caderno e papel não substituíram a lousa nem a necessidade de apreender os conteúdos no início do século XX, também essa tecnologia de fácil acesso (smartphones) não será o fim do controle que o professor tem na condução do processo educativo. Dois terços dos alunos têm smartphone e o compartilharam com os que não têm, tal como no caso das lousas de pedra.
Muitos professores, e alguns alunos, se parecem muito com o personagem central do filme alemão de 1974, dirigido por Werner Herzog, “O enigma de Kaspar Houser”. Parecem totalmente deslocados quando colocados ante a tecnologia.
“Em caso de dúvidas sobre a tecnologia, vale recorrer aos próprios alunos. A parceria não é sinal de fraqueza: dominando o saber em sua área, você seguirá respeitado pela turma.” (POLATO, 2009)
Papel, caneta, lápis, borracha, quadro, giz e livro didático não devem ser os únicos recursos das quais se lance mão. Óbvio que nem a melhor tecnologia do mundo substitui o conhecimento, contudo, é de grande valia durante o processo educativo.
É preciso, urgentemente, que os formadores preparem docentes (os atuais e também os novos) para que a escola exerça com eficácia seu papel. Não concebe-se mais, portanto, uma escola e professores analógicos para alunos de uma era digital.


Referências:

POLATO, Amanda. Nova Escola, Ed. 223, Junho 2009 http://revistaescola.abril.com.br/avulsas/223_materiacapa_abre.shtml - Acessado em: 20/03/2015

APPEL, Elizete Mainardes. 2014 http://elizetemappel.blogspot.com.br/2014/09/quem-tem-medo-de-celular.html - Acessado em: 21/03/2015










Filme “O enigma de Kaspar Houser”: https://www.youtube.com/watch?v=MxpuYFouR70



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