Professora: Elizete Mainardes Appel
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura
Série: 3ª06
Data: 27/03/2015
Por: Gabriele Tschoeke dos Santos,
Jordana Cech,
Letícia Liebl
Atenção! O texto abaixo foi uma criação a partir de pesquisas a respeito do Contestado. Avô, neto e jornalista são personagens ficcionais nesta entrevista.
Bom dia caros leitores e amantes da história,
Hoje trago a vocês uma reportagem que retrata um momento histórico de grande importância regional e nacional, mas que, por diversas vezes, foi deixado de lado da história do Brasil.
Para contar melhor esse fato, entrevistei Miguel Francisco Neto, neto de um caboclo que lutou na Guerra do Contestado(1912-1915). Miguel relatou as dificuldades que seu avô e os demais caboclos enfrentaram com a falta de apoio das autoridades para com a população cabocla das regiões envolvidas no conflito, já que na região onde seu avô, Miguel Francisco (1892-1984) permaneceu durante a Guerra era completamente abandonada à própria sorte pelos governantes da época, por se tratar de uma região interiorana que não possuía população significativamente participante da economia do país.
Leia abaixo a entrevista completa:
Sabe-se que a região onde se deu a Guerra do Contestado era um território desconhecido pelas autoridades e habitada pelos sertanejos. Com base nos relatos de seu avô Miguel Francisco, você poderia descrever um pouco mais sobre a região do Contestado naquela época?
“Pelos relatos de meu avô, o imenso sertão, abandonado pelos governantes, foi progressivamente ocupado por tribos de diferentes etnias indígenas e por seus descendentes mestiços. A riqueza da região era a erva-mate e a madeira. Esse território não era somente habitado pelos sertanejos que eram caracterizados como posseiros, mas também pelos fazendeiros-coronéis que recebiam terras da Coroa portuguesa para desenvolver a região. Os fazendeiros eram responsáveis também pela política, tinham patente militar e poder de vida e morte dentro do limite de suas posses. Localizada entre os estados do Paraná e Santa Catarina, essa região foi marcada por diversas disputas.”
A população cabocla formada por sobreviventes da Revolução Farroupilha, da Guerra do Paraguai, da Revolução Federalista e mestiços vivia em precárias condições de vida. Conte-nos mais sobre o cotidiano da população sertaneja naquele período.
“Como meu avô contava, a população cabocla que era esquecida à própria sorte pelos governantes. Tinha condições de vida precárias pelo fato de viverem adentrados na mata virgem, não tinham assistência básica como, educação e saúde, nem contato com igrejas, fazendo com que se tornassem supersticiosos e sem esperança, buscando conforto com curandeiros, peregrinos e profetas que viviam no território. Inclusive, três desses curandeiros foram considerados homens santos e seguidos pela população local. A população sertaneja vivia uma economia de subsistência baseada na caça, na coleta, no extrativismo e numa agricultura rudimentar”.
Sabendo que o estopim para que esse combate começasse foi a morte do Monge José Maria, que naquele tempo era considerado Santo por caboclos do sertão catarinense, cite-nos mais alguns motivos para que houvesse a Guerra.
“Segundo meu avô, a construção de uma estrada de ferro que interligava o sudeste ao sul do país fez com que muitos caboclos fossem expulsos de suas terras, ocasionando uma revolta geral dos sertanejos que já enfrentavam muitas dificuldades, pois eram pobres e nem sempre tinham alimentos suficientes. A companhia que estava construindo a estrada tinha seus próprios homens contratados para combater os sertanejos revoltosos. Outro fator como você já havia comentado, foi a morte do Monge José Maria por militares, fazendo com que muitos sertanejos se revoltassem contra o governo e iniciassem essa guerra civil. Não podemos esquecer ainda da disputa de territórios entre Paraná e Santa Catarina. Com a Guerra do Contestado podemos notar como os políticos e os governos tratavam as questões sociais no início da República. Os interesses financeiros de grandes empresas e proprietários rurais ficavam sempre acima das necessidades da população mais pobre. Não havia espaço para a tentativa de solucionar os conflitos com negociação. Quando havia organização daqueles que eram injustiçados, as forças oficiais, com apoio dos coronéis, combatiam os movimentos com repressão e força militar”.
Por Laila Lima.
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