Aqui vai um texto que produzi em 2008, baseando-me em MORAN. Algumas das previsões por ele propostas já ocorrem, mesmo que em pequena escala; outras demandam tempo para serem efetivadas eficazmente.
MORAN, José Manuel. A
TV digital e a integração das tecnologias na educação. In: Boletim 23 sobre
Mídias Digitais do Programa Salto para o Futuro. TV Escola - SEED, novembro,
2007
Resenha crítica: Elizete Mainardes Appel
As mídias todas
estão disponíveis e integrando-se. Todos podem e devem encontrar espaço nesse
mundo virtual, qualquer coisa pode ser digitalizada. O mundo físico abre espaço
para o mundo virtual, inúmeros serviços podem ser realizados on-line e as
formas de aprender e ensinar também mudam.
A TV passa a ser
digital e é a última das grandes mídias a integrar-se. Computador e celular
estão cada vez mais potentes e agregando ainda mais funções: internet, mp3
câmera digital, jogos, bluetooth e
TV. Com o advento da TV digital teremos mais pressão para que as tecnologias se
integrem. Porém, será ainda demorado, pois o salto da sociedade industrial para
uma sociedade do conhecimento é complicado.
Imagens de alta definição e ótima qualidade de
som serão uma constante também na TV aberta, com canais de notícias 24 horas,
compras, esporte assim como na TV por assinatura. Para um público mais exigente
teremos uma TV on-demand em que o
telespectador seleciona os programas a que quer assistir.
No início serão
ainda parcos os recursos oferecidos, no entanto, com o tempo há tendência de
ampliarem-se assim como com a internet já ocorre. É a inovação na internet e
celular que obriga a TV a ser mais interativa, ou será uma mídia obsoleta.
Na educação a
tecnologia digital baixa custos. Aulas podem ficar à disposição dos alunos para
que acessem no ritmo e horário que lhes convier. As aulas à distância nos darão
a sensação de estarmos ao lado dos alunos e os alunos do professor, diferente
do que é hoje.
Assim
como ocorre no YouTube, os alunos poderão ser produtores de conteúdos. A
interatividade pressupõe não um telespectador passivo, porém esbarra no poder
aquisitivo do brasileiro. A falta de qualidade na educação também contribui
para que as pessoas sejam menos críticas. E se continuar assim, estas serão
ainda servas de uma mídia pronta.
Poderemos ter
salas de aula abertas para cada grupo, turma, universidade e recriar nelas todo
o potencial da comunicação presencial, à distância, mas conectados. Isso vai
baratear os custos para mega-universidades e trarão o sonho de uma educação
mais acessível. Teremos, é claro, as instituições que oferecerão propostas
educacionais mediadas pelas tecnologias digitais para grupos menores, com mais
interação, focadas na aprendizagem, no aluno, em criação de grupos de pesquisa,
de projetos e aprendizagem colaborativa.
Para que haja
maior interesse, as tecnologias dependem também de como cada um as utiliza, em
contextos e encontros pedagógicos motivadores ampliam a curiosidade, a
motivação, a pesquisa, a interação; em contextos e encontros pedagógicos
acomodados, rotineiros aumentam a previsibilidade, o desencanto, a banalização
da aprendizagem e o desinteresse.
A
cultura constrói-se sobre ela mesma enquanto as tecnologias evoluem muito mais. A cultura educacional é baseada na repetição e na prática escolar temos
avançado ainda menos que intelectualmente.
De nada vale ter
tecnologias de ponta sem programas estruturais que valorizem os profissionais
na formação e no exercício efetivo da profissão, com salários e condições dignas.
A tecnologia é apenas mais um instrumento, contudo sem paixão por ensinar e
aprender, ela em nada agrega.
Fonte:
http://www.eca.usp.br/prof/moran/digital.htm
12/12/2008
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