terça-feira, 26 de maio de 2015

Contestado - uma guerra sem muitos registros literários

Projeto Contestado
Língua Portuguesa e Literatura


Causos e Contos do Contestado: criando uma literatura de ficção com contexto histórico local


Por: Professora Elizete Mainardes Appel




Durante a primeira quinzena de março, os meus queridos alunos das terceiras séries do período matutino estudaram o Pré-modernismo Brasileiro. Viram os principais autores, suas antologias, o Contexto Histórico, incluindo-se Guerras Messiânicas e, entre elas, o Contestado.



Como esse conflito é pouco conhecido nacionalmente, e até mesmo por parte dos catarinenses que moram fora das áreas diretamente envolvidas, a princípio os alunos pesquisaram sobre a Guerra do Contestado.



Então, na penúltima semana do mês de março estiveram envolvidos na elaboração de contos e crônicas em que se evidenciasse o contexto histórico do Contestado, bem como a geografia e os tipos da época.



Não era necessário evidenciar a batalha propriamente dita e a criatividade deveria ser o norteador dessas histórias fictícias, porém o mais verossímeis possível.



O resultado é surpreendente e você poderá conferir os textos que serão postados aqui.




Links para os textos produzidos:

3ª01

3ª02

3ª03

3ª04
Cartas em mãos erradas

3ª05

Contestar ou não contestar, eis a questão

A ameaça cabocla

Baianinho: A história

3ª06

Relato da Guerra do Contestado


Uma Guerra pouco lembrada, mas nunca esquecida



Fotos:

Por Osvaldo Rodrigues da Veiga: Contestar ou não contestar, eis a questão

Por: Osvaldo Rodrigues da Veiga (3ª05-RG2015)


Contestar ou não contestar, eis a questão


Há muito tempo, no norte de Santa Catarina, quando os sertanejos nem pensavam em entrar na faculdade, uma empresa americana veio construir a estrada de ferro que ligaria Rio Grande do Sul a São Paulo. A obra andou em ritmo de estádio de copa e, depois de longos anos, foi concluída.


Até aí tudo beleza, mas o governo que não era aquele sonhado pelo povo, tentou dar aquele calote na empresa que não ficou nada feliz da vida. Após intensas negociações, o governo decidiu ceder o equivalente a 15.000 metros de terras, que se estendiam ao longo da ferrovia e deveriam ser colonizados pelos povos estrangeiros.


Mas nossa amiga empresa pensou "para que eu vou colonizar uma área com tantos recursos naturais, em vez de explorá-la?”. E assim se fez, ao lado da ferrovia, uma madeireira americana; eles fizeram a Marina Silva e o Greenpeace se remexer no caixão antes mesmo de existirem. Mas havia um problema, já haviam pessoas morando por lá. Eles não tinham carros, não tinham teto, e se ficar por ali, já sabe, né?...


Daí em diante foi só tiro, porrada e bomba. De um lado a multinacional, querendo tomar as terras, e do outro os sertanejos, querendo manter-se onde já estavam. As investidas contra as resistências eram fortes, mas os sertanejos eram todos “cabra macho”, não arredavam o pé.
Os conflitos estavam cada vez mais intensos, quando uma figura ressurgiu para dar esperanças aos sertanejos: um monge que eles acreditavam ser o mesmo que vagou pela região 20 anos antes, que eles acreditavam ser o que vagou 40 anos antes. Há boatos de que isso aconteceu por que nosso monge 3 em 1 utilizava-se das ervas e das coisas que a natureza dá para curar e deixar a rave mais louca, assim como fizeram os outros dois.
A partir daí as batalhas ficaram mais elaboradas, o monge era apelão e sempre chegava mais louco que o Gandalf montado em um Unipandra, liderando os sertanejos e usando seu cajado desnecessariamente grande, sem dó nem piedade.
A empresa, que estava de saco cheio de apanhar pros donos do banhado, foi pedir ajuda ao governo que, como quem não quer nada, mandou o bonde todo para auxiliar os americanos malvados em sua cruzada opressora em busca do lucro burguês patriarcal capitalista machista fascista neonazista.
Os sertanejos que agora viviam de sua arte das coisas que a natureza dá, liderados pelo monge hippie, se encontraram em maus lençóis. Afinal, como era possível combater um grande exército com armas, aviões, armas e tudo mais, utilizando apenas as flores e a paz ?
Pelo que se seguiu, não era nada possível, o exército estava ganhando uma batalha após a outra, eles avançavam com a fúria de mil africanos correndo do Ebola, e a resistência estava se tornando inútil.
Em um dia como qualquer outro, com muito sangue e morte, o monge veio a ser pego fora de posição. Era um monge que como eu, tinha cabelo de mendigo; girava o mundo, mas acabou fazendo a guerra do Contestado. Cabelos longos não usa mais, não ouve mais suas rezas e sim, um instrumento que sempre dá a mesma nota “ratátátá”. Não vê amigos, não vê garotas, só gente morta caindo ao chão, ao seu cajado não voltará, pois está morto no Contestado.
Os sertanejos lutaram bravamente, sem seu monge, até o último homem cair ao chão, tudo isso para que um americano pudesse tomar um whisky 12 years em sua mansão em Washington. A vida não é justa e, às vezes, o destino é incontestável.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Infinito: por Katherine Rafaele Viebrantz

Produção de poesia baseada na Segunda Geração Romântica.
Infinito: por Katherine Rafaele Viebrantz - 2ª07 RG2015


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Baianinho: A história

E.E.M.Professor Roberto Grant
Professora Elizete Mainardes Appel
Disciplina: Língua Portuguesa
27/03/2015
Série: 3º05

Por: Christian José Saidok,Letícia Emillyn da Cunha,Matheus Soares,Natalia Arnold e Vitor Mizael Marés Heleodoro





1900, neste ano nasce uma das figuras que teria uma das histórias menos conhecidas do Contestado, mas não menos emocionante. Seu nome era Mathias Silveira mais conhecido como Baianinho. Sua história se passa na pacata cidade de Caçador, onde nasceu,viveu e morreu.
Sua infância foi marcada por decepções, sua mãe morreu enquanto ele ainda era bem criança, e seu pai era alcoólatra fazendo com que ele tivesse que cuidar do irmão mais novo.

Baianinho: A história
Com seus 12 anos conheceu a donzela que iria mudar sua vida, a partir daí começa nossa história dentro do Contestado.
12 de outubro de 1910, um dia comum como todos os outros para Baianinho, acordou cedo, cuidou do irmão, fez as coisas de casa, e no fim do dia, como acontecia normalmente, ele pegou seu burro e foi para o centro fazer compras para sua humilde residência. Chegando lá comprou alguns mantimentos na mercearia de seu Mané. Saindo da mercearia acabou se deparando com uma menina. Não era qualquer menina, era a menina de sua vida. Ela estava em cima da carroça de seu pai, o comandante João Gualberto Gomes de Sá Filho. Assim que a viu seu coração disparou de forma impressionante. Foi paixão à primeira vista.
Passado algum tempo, Baianinho precisava saber quem era aquela moça. Resolveu, então, trabalhar para o sargento Cristiano José de Mesquita, que era um dos sargentos mais jovens da época, com a intenção de descobrir algo sobre sua amada. Cristiano resolveu aceitar o pedido do pobre garoto e deu um lugar para ele trabalhar em seu jardim.
Logo em seu primeiro dia de trabalho, Baianinho conheceu uma empregada, seu nome era Leocádia Emillyana da Cunha. Baianinho trabalhou lá por anos. Até que um dia...


22 de setembro de 1912
Como vais Baianinho ? O que vai levar hoje ?
Olá seu Mané, hoje apenas vou levar um pouco de erva mate.
Desculpe Baianinho, mas acabou a erva por causo do embargo que está ocorrendo.
Tudo bem, então hoje não levarei nada.
Saindo dali, Baianinho foi encontrar seu conhecido José Maria de Santo Agostinho, um dos líderes na revolução que estava prestes a ocorrer. José Maria falou muito sobre suas causas fazendo Baianinho, com apenas seus 12 anos, querer ajudá-lo. Após isso Baianinho foi em direção à várzea, local onde se encontrava com Nina Arnolda, menina que conheceu há algum tempo e acabaram se apaixonando. Eles se encontravam escondidos pois Nina era uma donzela de classe diferente de Baianinho não passava de um caboclo qualquer. Nesse encontro ambos tinham más notícias.
Baianinho,tenho algo muito triste para te dizer. Vou casar com Cristiano José de Mesquita.
Mas como? Ele é meu chefe, e eu odeio ele. Você não pode fazer isso.
Desculpe Baianinho mas meu pai me arranjou para ele.
Por que você não confessa nosso caso para ele ?
Ele jamais aceitaria alguém como você na família. Você não entende, ninguém entenderia nosso caso.
Baianinho, após o ocorrido, lamentou muito e chorou.
Nina, também tenho algo a te dizer
O quê ?
Fui convocado para a guerra junto dos rebeldes. Isso pode ser ruim para você, mas preciso fazer isso e juro que no fim vou acabar com meu chefe Cristiano.
Com essa conversa os dois ficaram muito mal, mas sabiam que eram obrigados a aceitar.
No passar dos dias a situação foi piorando e estava cada vez mais próximo um conflito armado na área do Contestado. A briga por regiões era grande e as forças armadas começaram a se preparar.
Baianinho participou de alguns conflitos mas sempre saindo ileso. Enquanto isso estava sendo arranjado o casamento de Nina Arnolda com o Sargento Cristiano. O casamento foi marcado para dia 14 de abril de 1913. Baianinho, sabendo desta notícia, pediu ajuda para seu colega Vitorino Potiguara para, um dia antes do casório, raptar Nina.
Neste período ouve uma trégua na guerra, assim podendo se fazer uma baita de uma festa.
Chegando o dia anterior ao casamento, Vitorino e Baianinho foram em direção a casa do Sargento. Vitorino chamou o sargento para uma conversa que serviria de distração para Baianinho fugir com a amada. Baianinho obteve sucesso, porém jamais imaginava que o sargento teria pago para Vitorino falar o que sabia. Eles fugiram para Lebon Régis, local marcado por sua devastação durante a guerra.
Nina e Baianinho passaram um certo período juntos nessa cidade. Até que um dia...
Baianinho que barulho foi esse ?
Eu não sei Nina. Vou dar uma olhada.
Baianinho, saindo do barraco em que estavam, se deparou com um grupo de soldados liderado pelo Sargento Cristiano. Eles o prenderam e fizeram questão de chamar Nina para ver a ocasião.
Nina sua vagabunda, venha aqui e veja o que vai acontecer com esse lixo.
Nina com seus olhos cheio de lágrimas saiu e falou:
Me matem! Eu sou a culpada! Ele não merece sofrer.
E o Sargento Cristiano:
Nina, suas palavras não o salvarão, nem salvarão você. Você tinha um compromisso comigo e o descumpriu, e ele é um piazinho de merda que acha que pode roubar você de mim.
O sargento, após falar isso, sacou sua arma e atirou em Baianinho várias vezes até sua morte. Nina, observando a situação, roubou uma faca de um dos soldados e falou:
Se não vou viver com ele, com você jamais será.
Nina pegou a faca e enfiou-a em seu coração.

terça-feira, 12 de maio de 2015

A AMEAÇA CABOCLA

E. E. M. Professor Roberto Grant
Professora: Elizete Mainardes Appel
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura
Data: 26/03/2015
Série: 3ª 05

Por: Julia Machado Rocha, Luis Gustavo Hüttl, Mailla Brito



No sul do Brasil, norte de Santa Catarina, na cidade de Mafra, localizava-se um vilarejo, um lugar de vasto campo verde, muitas árvores, plantações e criações de animais por todos os lados. Este lugar era beirado pelo Rio Negro, e próximo a ele havia uma ferrovia, a qual movimentava os negócios do local.
A população que habitava esse lugar eram, em sua grande maioria, caboclos e alguns fazendeiros também. Entre esses habitantes, se destacava José Maria, um caboclo baixo, magro, que fazia questão de viver de forma humilde. Usava calças curtas e camisa rasgada. Andava descalço e sua pele era escura por causa do sol. Ele era casado com Matilda, uma mulher alta, de pele bronzeada, que vivia com um vestido branco e dourado, encoberto pela poeira da vida no sertão.
Diferente da população humilde, vivia por lá um membro do estado, chamado Valdomiro. Um homem rico, alto e forte, que exalava poder em seu jeito de viver. Ele era casado com Vera, uma mulher linda, morena e dona de um sorriso encantador. Ela tinha tudo o que qualquer mulher sonha em ter devido à soberania de seu companheiro.
José Maria era proprietário de um imenso terreno, que continha as melhores terras da região. Essas terras despertavam muito o interesse do Estado que estava tomando grandes pedaços de terra dos caboclos e fazendeiros que viviam ali. Como Valdomiro era o representante do Estado naquela região e estava interessado nas terras de José Maria, coube a ele tomá-las à força. José ficou revoltado por perder suas terras e ao ver que seus amigos estavam passando pelo mesmo, resolveu organizar uma manifestação em que participariam caboclos e fazendeiros da região a fim de exigir o fim da exploração do Estado sobre os mesmos.
As manifestações começaram e o Estado não conseguia fazer com que os caboclos retrocedessem, o único jeito era apelar para a violência. E foi assim que aconteceu. O Estado buscou conter os manifestantes na base da força, e isso levou as duas classes à guerra, esta ficou historicamente conhecida como Guerra do Contestado e envolveu grande parte do norte catarinense e algumas cidades do sul do Paraná.