O índio moderno é nosso único elo humano vivo com o verdadeiro Brasil. É o que restou de um período onde nossas terras eram intocadas e nossa vasta natureza, onipresente. Toda a sociedade indígena era baseada em agricultura e caça para subsistência, sendo o escambo a única prática usual que mais se assemelhava à grande rota de comércio Europa – Índias da idade Moderna.
Ainda convivendo com richas tribais enquanto Robespierre fazia a Revolução, ainda orando a Tupã enquanto o homem branco construía as sólidas bases dos ideais antropocentristas. Assim era o índio de antes.
Por estes motivos, é errado afirmar que o contato com o europeu fez o nativo evoluir, seja em 1500 ou em 2012, isso simplesmente não ocorreu porque o índio brasileiro na verdade não precisava evoluir. Não fosse o europeu, talvez o índio ainda estaria com a mesma estrutura social frágil e primitiva, conservando recursos naturais e vagando, nômades, assim como faziam antes do homem branco.
A evolução não é uma questão de usar roupas ou andar nu, mas de inserção em seu próprio meio. A partir do momento em que os portugueses começaram suas atividades extrativistas no Brasil, usando índios como mão-de-obra, em troca de tecidos ou espelhos, fauna e flora foram alteradas drasticamente, e a mentalidade europeia do mercantilismo foi inserida no meio social indígena, forçando os nativos a uma “evolução” precoce e desnecessária e deturpando o que havia de pueril em Pindorama.
Hoje, o devido valor dos índios é reconhecido; não pelos movimentos literários nacionalistas, como a idealização romântica ou o resgate modernista; tampouco pela política de cotas, que soam mais como tentativas de compensação histórica, mas sim através da criação e manutenção de reservas indígenas, cedendo a eles a única coisa da qual nunca deveriam ter sido privados: a terra que é sua por direito. Ali são tratados com dignidade os remanescentes destes nativos que foram enganados e humilhados em nome de um progresso vazio.
Erick Moro - 3ª05/2012
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