Fantasia - Uma obra prima
por: Luiz Henrique da Silveira – Senador da República
Neste domingo, 13 de novembro, transcorreu o 71º aniversário da estreia daquela que eu considero a maior obra-prima produzida pelo gênio Walt Disney – o filme de animação “Fantasia”, a mais magnífica união de som e imagem jamais vista. E o que é cinema, afinal, senão som e imagem?
Ao decidir escrever sobre este tema, revi o filme e aproveitei para descansar da dura realidade das fatigantes reuniões das comissões que analisaram o novo Código Florestal brasileiro (felizmente, depois de muita discussão meu relatório foi aprovado por 15 votos a favor na Comissão de Agricultura e por 12 votos a favor e um contra na de Ciência e Tecnologia).
“Fantasia” é uma viagem apaixonada pelas maravilhas do Universo, através da Natureza, da Ciência, da Mitologia e das Artes, ao sabor, e mesmo impulsionada, pela grande música, tendo como regente o grande maestro Leopold Stokowski, à frente da Orquestra da Filadélfia. Em “Fantasia” não há efeitos sonoros; todos os sons são música. Do pozinho mágico que cai da minúscula cabecinha das fadas aos poderosos raios que Zeus lança no sopé do Monte Olimpo - tudo é música.
Ouvimos, maravilhados, clássicos como a “Tocata e Fuga, em Ré Menor”, de Bach (com as lindas formas abstratas da abertura, certamente a seqüência mais ousada de todo o filme); a “Suíte Quebra-Nozes”, de Tchaikovsky (aonde fadas de gelo vestem de prata o lago mágico e fadas aladas e outros elementos da natureza, como flores e peixes bailarinos, cogumelos chineses e cravos russos representam as estações do ano, e os fortes ventos de outono tornam-se o acompanhamento visual perfeito para o vigoroso arranjo de violinos e violoncelos); a “Sagração da Primavera”, de Stravinsky (uma explicação científica da evolução da vida na Terra, desde os primeiros seres microscópicos aos gigantescos dinossauros e atemorizantes vulcões pré-históricos); a “Sinfonia Pastoral”, de Beethoven (no Monte Olimpo, o elenco de personagens é composto de figuras fantasiosas como cavalos alados que cortam o céu, sátiros que saltam pelos campos, cupidos, centauros e suas namoradas e a deusa da noite, vestida de negro, cobrindo os céus com o manto da escuridão noturna); "Uma Noite no Monte Calvo", de Mussorgsky (mostra o demônio Chernabog, que vive no alto de uma montanha, vindo atormentar um vilarejo na noite de Halloween); a “Dança das Horas”, de Amilcare Ponchielli (uma sátira em que avestruzes, hipopótamos, elefantes e jacarés representam as horas do dia); até o sublime encerramento, com a “Ave Maria”, de Schubert (aonde uma multidão pia segue em procissão por entre eucaliptos esguios até uma capela gótica).
Quem ainda não assistiu, não deixe de fazê-lo! Dificilmente alguma locadora deixará de ter esse clássico à disposição. E chame seus filhos para vê-lo! Além de se divertirem com as imagens, seus ouvidos serão facilmente abertos para as belezas da música clássica, normalmente uma dificuldade, mas, neste caso, facilitado pela alegria e pela beleza das animações do mestre. Os efeitos de luz são alguns dos mais lindos já vistos no cinema, a delicadeza do traço é de refinada elegância e o visual é majestoso do começo ao fim. Nada deixa a dever aos esplendores da moderna animação enriquecida digitalmente.
Naquela época, Disney já desenvolvera um sistema de imagem e som tão sofisticados que, para ser lançada em DVD, não precisou de restauração!
Mas, como sói acontecer, sua ousadia não foi entendida na época do lançamento do filme, em 1940; foi considerada pretensiosa e, por isso, discriminada. “Fantasia” só começou a encontrar o seu público a partir dos anos 60, fazendo do VHS da animação um dos mais vendidos de todos os tempos, quando lançado em 1990.
Texto também publicado no Jornal A Gazeta de São Bento do Sul/SC na edição de final de semana (12 e 13 de novembro de 2011)
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