Não é de hoje que eu ando com dificuldades de entender o mundo e, justamente por isso, ando tão absurdamente louca nos últimos tempos.
Mas, me diga, dá para entender o mundo e as pessoas? Não todas, é claro, e não todo o mundo, porque eu sei que isso não é possível. Só que existem coisas básicas, regras básicas nas quais eu acredito e é essa crença que tem me feito sofrer.
Como entender, por exemplo, que as pessoas que pedem tanto por sinceridade sejam aquelas que menos a suportam? Aquela pessoa parece íntegra, bacana, honesta, mas, basta que você lhe responda apenas, e tão somente, com a verdade e pronto... acabou-se o que era doce.
Engano meu, ou as pessoas não agüentam mais a sinceridade? Sinceridade pra quê, se é possível viver na mentira? Acho que esse é o modo de pensar de muitas pessoas e é exatamente aí que eu não consigo mais me encaixar.
Talvez o problema esteja em mim. Talvez eu tenha chegado numa idade em que relacionamentos, sejam eles quais forem, de amor ou de amizade, que necessitem de mentiras para se manterem já não me interessem mais. É isso, exatamente isso.
Hoje eu acredito profundamente que, se não puder ser sincera, absolutamente sincera, extremamente sincera (mesmo que a sinceridade agride, às vezes) eu dispenso algum tipo de carinho e atenção; se eu não puder ser eu mesma, se não puder dizer o que penso, se não puder dizer 'não', se não puder dizer a verdade e tão somente a verdade, enfim, se eu não puder ser assim não há mais nada que me ligue a essa pessoa.
Eu vivi relacionamentos de amor e amizade construídos com mentiras − construídos e por muito tempo mantidos a base delas − nenhum deles, NENHUM deles, me trouxe qualquer coisa boa que fosse. Porque o bom só pode vir do verdadeiro... É um círculo, entende?
Então, por que eu deveria repetir esse comportamento para sempre? Simples. Porque mentir é o caminho mais fácil, inegavelmente mais fácil. Mentir causa menos dor, menos sofrimento. Mentir não te bota em risco, não te torna a vilã, não faz você ser a 'mal-educada, grossa e antipática'. Mentir é, no fundo, muito mais cômodo.
Existem pessoas que passam a vida assim, sem entrar em confronto, sem se arriscarem. Pessoas que vivem felizes sem ter que enfrentar o real, protegidas sob a falsa capa da mentira. Só que eu não quero mais isso pra mim. Não mais.
Eu aprendi a dizer não, aprendi a deletar o que não me faz bem, aprendi a conviver com diferenças sem ter que me anular para que essa convivência fosse possível... mas há muito que eu ainda não sei. Há coisas que me consomem ainda, atitudes que eu ainda sofro para tomar.
Mas eu estou caminhando e trilhando um caminho que eu resolvi chamar de meu. E nesse caminho só vai me acompanhar quem estiver disposto a dar e receber somente a verdade. Os que preferem o conforto da mentira acabarão naturalmente tomando outros rumos e é provável que ao longo da jornada isso aconteça muitas vezes. Resta-me o consolo de que lá na frente eu olhe em volta e veja que, mesmo se forem poucos, foram verdadeiros. Melhor assim. E como diz a minha mãe... 'não aguenta? Bebe leite!'
(Samira Millena Domininsky - 2ª02 - 2008 - E.E.M. Prof. Roberto Grant -
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