quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Carta aberta a você que fuma maconha


Carta publicada no Jornal AGazeta do dia 24 de outubro 2011

Eu trabalho no centro da cidade, e da minha janela tenho uma vista privilegiada. Mas nem tudo o que eu vejo, é tão bonito quanto eu gostaria: já tive o desprazer de ver viciados se drogando naquele beco sujo que fica atrás da Banca Gibi. Outro dia, eram ainda 9 horas da manhã e dois indivíduos comercializavam e faziam uso de crack. Chamamos a polícia, mas infelizmente nada aconteceu.
Mais recentemente, no dia 5 de outubro, logo depois das 17 horas, eu vi duas garotas vestidas com o uniformes do Colégio Roberto Grant, fazendo um cigarro de maconha e depois dividindo aquela porcaria como se fosse a oitava maravilha do mundo.
Com certeza, eu tenho muito mais o que fazer do que ficar vigiando o comportamento dos filhos dos outros. Tanto que logo em seguida sai com meu carro, para resolver meus problemas. Mas, por extrema coincidência, encontrei as mesmas duas meninas na esquina. Eu ali, esperando para entrar na via principal, e elas paradas junto ao carro, para atravessar a mesma rua.
Tive alguns instantes para observar as duas. Olhei para seus rostos, duas lindas meninas de seus 16 anos talvez, pele perfeita, cabelos escuros brilhantes, saudáveis por conta dos bons tratos proporcionados pelos pais. Duas garotas trajando uniformes de um colégio muito bom, no qual meus próprios filhos estudaram e forma muitíssimo bem tratados.
Um colégio que poderia ser muito melhor, não fosse a presença de alguns estudantes corrompidos pela doença das drogas que vem se alastrando pela sociedade. E não pensem que isto não existe em todos os colégios!
Enquanto eu observava, elas riam, segurando-se uma à outra, como as duas perfeitas idiotas que demonstraram ser no instante que resolveram experimentar a droga. Parti em meu carro, com um peso enorme em meu coração. Deixei para trás as duas e seus destinos incertos. Conseguia apenas pensar nos pais e nas mães delas, que em algum lugar da cidade, com certeza estavam trabalhando, pensando talvez que suas filhas estariam vindo da escola, com algum grau a mais de conhecimento.
Se os conhecesse, poderia dizer: “Sim, suas filhas aprenderam hoje alguma coisa a mais. Hoje elas aprenderam como se desvalorizar.” Que pena, que pena. Como foi dolorido ver duas moças tão saudáveis jogando fora sua saúde, que é seu bem mais precioso, apenas para dar o dinheiro, ganho com esforço pelos pais delas, para um traficante.
A vocês duas Meninas-sem-nome: hoje à tarde quando o professor de História ou de Química estiver falando e vocês estiverem ansiosas para sair, sem ao menos ouvir o que ele diz, lembrem-se disso. Lembrem-se do que espera vocês além de um beco sujo, atrás da banca de revistas. Vocês se encontram ainda no início de uma escada espiral descendente: o primeiro degrau foram as más companhias, o segundo foi a bebida, e agora a maconha. Outros virão, nesta descida vertiginosa: a promiscuidade, disfarçada de “ficar” (não se enganem, garotas), a gravidez indesejada, e enfim as outras drogas mais pesadas para anestesiar a dor e a depressão.
Torço para que eu esteja enganada; para que esta  tenho sido apenas a primeira vez que se drogaram; embora não acredite nesta possibilidade, pela habilidade demonstrada pela menina que usava a jaqueta cinza quando manipulava o cigarro de maconha.
Torço, então, para que seja a última vez, gostaria tanto que seus pais jamais soubessem o que fizeram! E que um dia destes vocês se tornassem o que eles imaginaram que vocês seriam, quando nasceram: muito mais que apenas garotas bonitas (porque beleza acaba um dia, ainda mais depressa para quem usa drogas), mas pessoas de bem, saudáveis e produtivas.
Talvez eu esteja redondamente enganada e vocês nem tenham os pais amorosos que eu imaginei, talvez sejam filhas de mães solteiras e drogadas  como vocês serão um dia. Quem sabe vocês estão apenas reproduzindo um padrão. Mas isso não seria desculpa, seria? Vocês têm sua vida, saúde perfeita, escola e até dinheiro… pelo menos o suficiente para comprar drogas.
É provável que vocês jamais leiam estas palavras, porque já provaram que não têm inteligência suficiente para muita coisa, e ler jornais como certeza não deve ser uma das suas atividades preferidas. Devem passar horas no Orkut, Facebook, ou assistindo ao BBB, ao Pânico, ou curtindo as últimas fofocas sobre as “celebridades”…
Talvez sua geração não tenha aprendido o suficiente sobre moral, sobre ética, sobre educação; talvez tenham sido bombardeadas o tempo todo pelas imagens de mulheres e homens promíscuos na TV, onde Xuxa e suas seguidoras, as mulheres-fruta, “heroínas e heróis” de hoje são capazes de vender o corpo e a alma pelo menor preço… Cadê as pessoas de valor e caráter nos programas televisivos?
Ou talvez os pais deixem aquilo que era sua obrigação, como dar formação de caráter, nas mãos das apresentadoras de programas “infantis”, que vendem coisas absolutamente dispensáveis aos nossos filhos, ou nos ombros da escola, como se a escola fosse um terreiro de milagres.
Alguns dirão que a escola tem sua parcela de culpa, que o governo tem que fazer isso ou aquilo, que a polícia é assim ou assado. Mas a verdade é que nada substitui uma boa convivência e diálogo entre pais e filhos. Isso vocês não tiveram o suficiente, com certeza.
Que pena… vocês estão jogando fora as suas vidas em troca de absolutamente nada. Acham-se espertas, fazendo um cigarrinho de maconha escondidas atrás da mochila que sua mãe comprou, numa mesinha imunda, num beco sujo ao lado de um banheiro público fedido.
Quanto vale a vida de vocês? Que se importa com o que vocês fazem ou sentem? Somente seus pais, pensem nisso. Eles dariam a vida deles pelas suas, um milhão de vezes. Já o criminoso que ficou com seu dinheiro, este nem liga para vocês; há muitas outras bobas que podem enganar.
E quando eu encontrar vocês novamente na rua, talvez não as reconheça mais, porque ficarão cada dia mais feias, sujas e vulgares. Como o beco onde vocês se drogam.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O meu quarto


Às vezes penso se em algum lugar do mundo existe algo tão tranquilo e maximizado quanto meu quarto. Quer dizer, ele pode ser pequenininho e apenas um quarto como qualquer outro, mas, para mim, ele se torna um mundo repleto de surpresas e capaz de me deixar em paz até nos piores dias. Tudo bem, ele é uma bagunça, é bem difícil mantê-lo organizado. Sou muito preguiçosa. 

Minha mãe sempre ordena que eu coloque todas as coisas no lugar. Até faço isso, mas organizo minha bagunça do meu jeito e ela parece nunca ficar satisfeita. Ah, adoro meu quarto do meu jeito. Odeio que mexam nas coisas que tem lá, isso me chateia muito.

Nele tenho todas as coisas que me fazem feliz. Meu canto, meu lar, meu mundo. Talvez as únicas coisas que faltam são minha família, amigos e uma televisão. Porém, todos são bem-vindos. A porta do melhor lugar do mundo sempre se manterá aberta para eles.

(Por: Fernanda Bertoli, 2ª 05/2011)


Produção textual: descrição.
Tema: O melhor lugar do mundo.

sábado, 15 de outubro de 2011

Carta do Zé Agricultor


A carta a seguir - tão somente adaptada por Barbosa Melo - foi escrita por Luciano Pizzatto que é engenheiro florestal, especialista em direito sócio ambiental e empresário, diretor de Parque Nacionais e Reservas do IBDF-IBAMA 88-89, detentor do primeiro Prêmio Nacional de Ecologia.


Prezado Luis, quanto tempo
    Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava.  
    Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormi já era mais de meia-noite. De madrugada o pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra, né Luis?  
    Pois é. Estou pensando em mudar para viver aí na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos aí da cidade. Tô vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente.  
    Veja só. O sítio de pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro de uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança.  
    Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né Luis? 
    Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né?) contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana aí não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário? 
    Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encumpridar uma cama, só comprando outra né Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca.  
    Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou umas frutas no bolso no supermercado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo. 
    Depois que o Juca saiu eu e Marina (lembra dela, né? casei) tiramos o leite às 5 e meia, aí eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora. 
    Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade.Ô Luis, aí quando vocês sujam o rio também pagam multa grande?  
    Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou, as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado. 
    Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luis? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então... Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa. 
Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foi os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso. 
    Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender, e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia. Vou para a cidade, ai tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos. 
    Eu vou morar aí com vocês, Luis. Mas fique tranquilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Aí é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça.  
Até mais, Luis  
    Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas me aguarde até eu vender o sítio.  
(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)



Divulgue!
(Texto recebido por e-mail de Nicolau Steinbach.)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Projeto prevê punição ao aluno que agride professor


Projeto de Lei 267/11

A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 267/11, da deputada Cida Borghetti (PP-PR), que estabelece punições para estudantes que desrespeitarem professores ou violarem regras éticas e de comportamento de instituições de ensino. Em caso de descumprimento, o estudante infrator ficará sujeito a suspensão e, na hipótese de reincidência grave, encaminhamento à autoridade judiciária competente. A proposta muda o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) para incluir o respeito aos códigos de ética e de conduta como responsabilidade e dever da criança e do adolescente na condição de estudante.  Indisciplina: De acordo com a autora, a indisciplina em sala de aula tornou-se algo rotineiro nas escolas brasileiras e o número de casos de violência contra professores aumenta assustadoramente. Ela diz que, além dos episódios de violência física contra os educadores, há casos de agressões verbais, que, em muitos casos, acabam sem punição. O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
 
 
REPASSE PARA TODOS OS PROFESSORES, e até para quem não é, para ficarem sabendo o que está acontecendo na Educação . . . VAMOS APOIAR!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Vovó fazendeira

Uma avó estava morrendo e manda chamar o neto.
- Meu querido, vou morrer em breve, mas quero que você saiba que vou te deixar minha fazenda, os tratores e debulhadoras, os cavalos, vacas, cabras e muitos outros animais, o estábulo e todas as plantações, além de R$ 13.450.000,00
Recomenda: Cuida de tudo com muito cuidado!
- Eitaaa vó, eu nem sabia que a senhora tinha uma fazenda! E onde fica?
A avó dá um último suspiro antes de morrer e responde:
- No orkut...



(Texto recebido por e-mail)